Tratamento
Leucemia Mieloblástica Aguda
Após avaliação será decidido o tipo de tratamento a realizar: quimioterapia, imunoterapia, agentes hipometilantes, transplante de medula óssea, entre outros.
Para os doentes que têm condições para quimioterapia intensiva (doente “fit”) o tratamento da LMA inclui duas partes, a primeira parte de indução de remissão (destruição das células blásticas na medula óssea) e a segunda de consolidação ou terapêutica pós remissão.
A quimioterapia de indução é realizada em regime hospitalar, com necessidade de observação e tratamentos contínuos, para monitorização e manuseamento dos mesmos e dos seus efeitos secundários.
De acordo com a resposta obtida no tratamento de indução e estratificação de risco da doença, segue-se para o tratamento de consolidação. Este poderá ser constituído novamente por quimioterapia, e em alguns doentes, de risco adverso ou intermédio, transplante de medula óssea.
Nos doentes idosos e/ou “unfit” para quimioterapia intensiva utilizam-se os tratamentos com intuito paliativo e preferencialmente de ambulatório, na tentativa de melhorar a qualidade de vida, e prolongar a sobrevivência.
Leucemia Linfoblástica Aguda
Atualmente estão disponíveis inúmeros fármacos e agentes quimioterápicos eficazes no tratamento da LLA. No entanto, a melhor combinação dos mesmos e/ou melhor esquema terapêutico ainda está por definir.
O tratamento da LLA divide-se em três fases: indução de remissão, consolidação/intensificação (pós remissão) e manutenção da remissão ou terapêutica de continuação.
Todas estas fases são importantes para destruir as células malignas e prevenir a recaída.
As técnicas de transplante alogénico têm um papel importante em alguns doentes de acordo com o risco da doença e a resposta ao tratamento tal como outras abordagens autólogas (engenharia genética das próprias células imunológicas do doente capacitando-as para, quando reinfundidas no doente, poderem destruir células malignas – resistentes à quimioterapia).
Alguns novos tratamentos antileucemia têm sido aprovados para grupos específicos LLA, principalmente na doença em recaída e/ou refratária.
Leucemia Linfocítica Crónica
O tratamento está indicado quando se verifica “doença ativa” e para tal foram estabelecidas em 2018, por um grupo de peritos internacionais (International Workshop in Chronic Lymphocytic Leukemia (iwCLL)) orientações para decisão de início de tratamento baseando- se em aspectos clínicos e laboratoriais.
Os objectivos de tratamento devem ser considerados de doente para doente e incluem melhoria dos sinais e sintomas da doença, melhoria da qualidade de vida, bem como aumento da sobrevivência.
No momento atual são múltiplas as terapêuticas disponíveis para a LLC. A escolha dotratamento depende das características biológicas da doença (por ex.: mutações genéticas específicas como deleção do cromossoma 17 ou mutação do TP53) e das características físicas do doente.
Estão disponíveis atualmente diferentes tipos de tratamento:
Terapêuticas dirigidas: são fármacos direcionados a tipos de moléculas específicos na célula. Todos são fármacos orais.
Imunoterapia: são anticorpos contra linfócitos B malignos LLC. Todos estes fármacos são administrados por via endovenosa e podem ser usados em combinação com quimioterapia.
Quimioterapia: fármacos que param e/ou lentificam o crescimento das células malignas. Estão disponíveis em formulação oral ou endovenosa.
Como doença crónica que é, a maioria dos doentes responde ao tratamento inicial, no entanto as recaídas surgem na evolução natural da doença.
Existem inúmeros esquemas de tratamento para a doença em recaída e/ou refractária (que não responde ao tratamento), dependendo do tipo de tratamento utilizado anteriormente, da situação atual e da sua eficácia.
O transplante de medula óssea pode ter um papel nas recaídas frequentes e na doença de alto risco.
Leucemia Mieloide Crónica
O tratamento da LMC teve uma revolução há cerca de vinte anos com o aparecimento do primeiro fármaco inibidor da tirosinoquinase (TKI). Desde então, verificou-se uma mudança da história natural da doença, passando esta a ser controlada com medicação oral e possibilitando os doentes terem uma vida perfeitamente normal.
Os inibidores de tirosinoquinase bloqueiam o efeito do BCR/ABL1 da LMC impedindo a proliferação das células malignas.
Existem atualmente vários TKI disponíveis e a escolha do inibidor a utilizar depende da fase da doença, do grupo de risco da mesma e das doenças concomitantes do doente.
Os objectivos principais no tratamento da LMC são o desaparecimento dos sintomas, aumento da sobrevivência e a prevenção da progressão para a fase blástica.
Atualmente existem formas muito precisas de avaliação da resposta ao tratamento. Considerando-se:
- resposta hematológica, o desaparecimento das células malignas no sangue periférico e normalização dos valores do hemograma;
- resposta citogenética, o desaparecimento do cromossoma Philadélfia na medula óssea;
- resposta molecular, avaliação da percentagem do gene BCR/ABL presente (por técnicas moleculares muito sensíveis) considerando-se quanto menor for essa percentagem melhor e mais profunda é a resposta.
Existem outras terapêuticas que podem ser utilizadas em situações especiais como o transplante de medula óssea em doentes jovens, que não respondem ou recaem sob terapêutica com inibidores e nas fases acelerada e blástica da LMC.
As recomendações até há bem pouco tempo sugeriam o tratamento contínuo e indefinido com inibidores pela possibilidade de recaída da doença após suspensão do mesmo. Nos últimos anos, têm no entanto, surgido estudos que revelam que, em determinados doentes que cumprem critérios específicos, é possível descontinuar o tratamento, sem que haja documentação de progressão da doença.