A DOENÇA SILENCIOSA
O cancro do fígado (hepático) é uma doença comum e de incidência crescente, constituindo um problema importante de Saúde Pública. O carcinoma hepatocelular é o tipo mais comum de cancro primário do fígado, correspondendo a cerca de 90% destes tumores.2 É o quinto cancro (ou neoplasia) mais comum no Mundo. Estima-se que tenha sido responsável por cerca de 830.000 mortes no ano de 2020. Significa que a cada dia morrem, em média, mais de 2.200 pessoas por esta doença.1,2
Em Portugal, o cancro do fígado é a sétima causa de morte por cancro3 ,estimando-se que em Portugal o carcinoma hepatocelular tenha causado mais de 600 óbitos durante o ano de 2017.4
O NOSSO FÍGADO
O fígado é um órgão único e imprescindível à vida humana. Tem múltiplas funções vitais que não são realizadas por outros órgãos, incluindo o processamento e armazenamento de nutrientes, a degradação de produtos endógenos e exógenos (tóxicos) e a síntese de múltiplas proteínas e hormonas fundamentais.
O fígado mostra uma capacidade única de se regenerar a si próprio, mesmo quando danificado pelas toxinas que processa. Mas não é indestrutível.
As doenças hepáticas graves, em que as funções essenciais do fígado estão comprometidas, constituem portanto causas de morte.
Nas doenças hepáticas crónicas (como as hepatites víricas B e C, a doença hepática alcoólica ou a doença hepática metabólica), há deposição de material fibrótico (cicatricial) no fígado e alterações do tecido hepático que, a partir de determinado nível de gravidade, se designam de cirrose hepática. Estas alterações estruturais e funcionais que ocorrem na cirrose hepática estão associadas a manifestações clínicas e também a um maior risco de desenvolvimento de carcinoma hepatocelular. A grande maioria (até 90%) dos carcinomas hepatocelulares desenvolve-se em fígados com cirrose.2,5