O tratamento do cancro do útero

Existem várias formas de encarar e reagir a este diagnóstico. Muitas mulheres com cancro no útero, preferem  saber toda a informação possível sobre a sua doença e métodos de tratamento; querem participar nas decisões relativas ao seu estado de saúde e cuidados médicos de que necessitam. Saber mais acerca da doença, ajuda-as a colaborar e reagir positivamente.

O choque e o stress que se seguem a um diagnóstico de cancro podem tornar difícil pensar em todas as perguntas e dúvidas que quer esclarecer com o médico. Muitas vezes, é útil elaborar, antes da consulta, uma lista das perguntas a colocar ao médico.

  
  

Consultar um especialista

O médico pode aconselhar a consulta com um médico especialista. O cancro no útero pode ser tratado por diferentes especialistas, como sejam: cirurgião, oncologista, ginecologista e radioterapeuta. Pode ter um médico especialista diferente, para cada tipo de tratamento que vá fazer.

O tratamento começa, geralmente, poucas semanas após o diagnóstico de cancro. Regra geral, tem tempo para falar com o médico sobre as opções de tratamento e, se considerar necessário, ouvir uma segunda opinião, para saber mais acerca do seu cancro, antes de tomar qualquer decisão sobre o tratamento.

  
  

Ouvir uma segunda opinião

Antes de começar o tratamento, pode querer ouvir uma segunda opinião, acerca do diagnóstico e das opções de tratamento. Poderá precisar de algum tempo e esforço adicional, para juntar todos os registos médicos (exames imagiológicos, lâminas da biópsia, relatório patológico e plano de tratamentos proposto) e marcar uma consulta com outro médico.

Na maioria dos hospitais existem reuniões multidisciplinares, onde estão presentes todas as especialidades envolvidas no tratamento do cancro de útero e é definido em conjunto o melhor plano terapêutico para cada doente em particular.

  
  

Preparação para o tratamento

O plano e escolha do tratamento depende, essencialmente, do tamanho do tumor, do grau e tipo de tumor e do estadio da doença. O grau de um tumor indica-nos o grau de diferenciação das células, sendo os tumores mais bem diferenciados, mais parecidos com as células normais e menos agressivos. Geralmente, tumores de baixo-grau são menos agressivos e estão associados a um melhor prognóstico. O médico tem de ter ainda, em consideração a idade da pessoa e o seu estado geral de saúde, assim como as suas co-morbilidades.

Idealmente o objetivo do tratamento é curar o cancro. Noutros casos mais avançados, infelizmente, a cura já não é possível e pretende-se controlar a doença, reduzir os sintomas, durante o maior período de tempo possível. O plano de tratamentos pode ter de ser alterado ao longo do tempo.

Antes de iniciar o tratamento, pode querer colocar algumas questões ao médico:
  • Que tipo de cancro no útero tenho eu?
  • O cancro metastizou? Qual é o estadio da doença?
  • Preciso de fazer mais testes para verificar até onde se espalhou a doença?
  • Qual é o grau do tumor?
  • Quais são as minhas escolhas para o tratamento? Qual me recomenda? Porquê?
  • Quais são os benefícios esperados de cada tipo de tratamento?
  • Quais são os riscos e os possíveis efeitos secundários de cada tratamento?
  • Quanto custará o tratamento?
  • Como irá o tratamento afetar as minhas atividades normais?
  • Com que frequência deverei fazer novos exames?
  • Será indicado para mim participar num ensaio clínico (estudo de investigação)?

Se não colocar todas as questões de uma vez, não fique preocupada, terá outras ocasiões para o fazer e para pedir ao médico que lhe explique qualquer tema que não esteja claro e pedir mais informações.

  
  

O tratamento no cancro do útero

O tratamento do cancro uterino pode envolver cirurgia, radioterapia ou quimioterapia. Algumas mulheres fazem uma combinação destes tratamentos.

O médico poderá falar consigo sobre as possíveis escolhas de tratamento, e resultados esperados, tendo em consideração os benefícios e possíveis efeitos secundários de cada opção terapêutica.

Poderá perguntar ao médico sobre a possibilidade de participar num ensaio clínico, ou seja, num estudo de investigação de novos métodos de tratamento.

cirurgia

A maioria das mulheres com cancro no útero faz uma cirurgia para remoção do útero (histerectomia), através de uma incisão no abdómen. O médico remove, ainda, as trompas de Falópio e ambos os ovários; este procedimento é designado por salpingo-ooforectomia bilateral.

O médico pode, também, remover os gânglios linfáticos na região do tumor para ver se há envolvimento tumoral. Se as células tumorais tiverem presentes nos gânglios linfáticos, pode significar que a doença já metastizou para outras partes do corpo. Se as células cancerígenas não tiverem metastizado além do endométrio pode não ser necessário qualquer tratamento adicional. O internamento no hospital, pode variar de alguns dias a uma semana.

Relativamente à cirurgia, poderá querer colocar algumas questões ao médico:
  • Que tipo de operação será?
  • Como me sentirei após a operação?
  • Que ajuda terei se tiver dores?
  • Quanto tempo irei estar hospitalizada?
  • Virei a sofrer de alguns efeitos de longa duração, por causa desta operação?
  • Quando poderei retomar as minhas atividades normais?
  • Irá a cirurgia afetar a minha vida sexual?
  • Serão, depois, necessárias consultas de acompanhamento?
Radioterapia

A radioterapia baseia-se em radiação, com vários tipos de energia, para eliminar as células tumorias. Tal como a cirurgia, é um tratamento local e, como tal, atinge apenas as células tumorais na zona tratada.

Algumas pessoas com cancro no útero de estadio I, II ou III, necessitam de fazer cirurgia e radioterapia; podem fazer a radiação antes da cirurgia, para diminuir o tumor, ou após a cirurgia para a complementar e eliminar quaisquer células tumorais que tenham ficado na zona do tumor. O médico pode, também, sugerir o tratamento com radioterapia a pessoas que não possam fazer cirurgia.

No tratamento do cancro no útero, podem ser utilizados dois tipos de radioterapia:

Radiação externa

a radiação provém de uma máquina que dirige a radiação para a zona do tumor. Para este tratamento, a maioria das pessoas vai ao hospital ou clínica. Geralmente, os tratamentos são realizados durante 5 dias por semana, durante várias semanas. Este esquema ajuda a proteger as células saudáveis e os tecidos, tendo em conta que dispersa a dose total de radiação. Na radioterapia externa, não é colocado qualquer material radioativo dentro do organismo.
Em alguns casos, durante a cirurgia é administrada radioterapia externa.

Radiação interna

(radiação por implante ou braquiterapia):

a radiação provém de material radioativo contido em sementes, agulhas ou finos tubos de plástico, e que são colocados diretamente no local do tumor ou perto, através da vagina.

Em determinadas situações, pode ser feita uma combinação dos dois tipos de radioterapia.
  • Qual é o objetivo do tratamento?
  • Como será administrada a radiação?
  • Terei de ser internada no hospital? Durante quanto tempo?
  • Quando começam os tratamentos? Quando terminam?
  • Como me vou sentir durante o tratamento? Existem efeitos secundários?
  • O que poderei fazer para tratar de mim própria, durante o tratamento?
  • Como saberemos se a radioterapia está a funcionar?
  • Poderei continuar com as minhas atividades normais, durante o tratamento?
  • Como é que a radioterapia irá afetar a minha vida sexual?
  • Serão necessárias consultas de seguimento?
Quimioterapia

A quimioterapia utiliza fármacos antineoplásicos para eliminar  as células tumorais. Trata-se de um tratamento sistémico, uma vez que os fármacos são administrados por via endovenosa, entrando assim entram na corrente sanguínea.

Em casos de doença avançada pode ser o único tratamento recomendado. Existem vários esquemas com fármacos diferentes que podem ser prescritos de acordo com o estadio da doença. Em casos de doença avançada, as doentes podem ser submetidas a diferentes esquemas de quimioterapia de forma sequencial, alterando-se os fármacos quando a doença progride, ou seja, o tratamento não está a ser eficaz a eliminar as células tumorais.

Na maioria dos casos os tratamentos de quimioterapia são realizados em ambulatório, não havendo necessidade de internamento.

Antes de ser submetida a quimioterapia, poderá querer colocar algumas questões ao médico:
  • Por que necessito deste tratamento?
  • Que tipo de fármacos me serão administrados?
  • Como atuam os fármacos?
  • Quais são os benefícios esperados do tratamento?
  • Quais são os riscos e eventuais efeitos secundários do tratamento? O que é possível fazer?
  • Quando irá começar o tratamento? E quando termina?
  • De que forma é que o tratamento afetará a minha atividade normal?
Terapêutica hormonal

Este tipo de terapêutica só é realizada em casos de doença avançada ou quando a cirurgia não é possível. Primeiro é necessário avaliar se o cancro no útero tem recetores hormonais, ou seja, se é “positivo para os receptores hormonais”.

Nestes casos as hormonas naturais do nosso organismo – estrogénios e progesterona – podem estar a estimular o crescimento das células tumorais. Assim sendo a terapêutica hormonal tem como intuito diminuir os níveis destas hormonas de forma a que as células tumorais não sejam estimuladas a desenvolverem-se. A terapêutica hormonal é uma terapêutica sistémica, tendo em conta que os fármacos entram na corrente sanguínea e circulam por todo o organismo.

Geralmente, o tratamento hormonal é administrado na forma de comprimidos.

Antes de iniciar a terapêutica hormonal, poderá querer colocar algumas questões ao médico:
  • Porque é que preciso deste tratamento?
  • Quais foram os resultados do teste de recetores de hormonas?
  • Que hormonas vou tomar? Que é que elas irão fazer?
  • Terei efeitos secundários? O que poderei fazer relativamente a esses efeitos?
  • Durante quanto tempo estarei a fazer estes tratamentos?

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