O cancro do útero
O cancro no útero, mais especificamente do seu revestimento, o endométrio, é o mais comum nos países desenvolvidos, considerando os tumores do sistema reprodutor feminino. Corresponde a cerca de 6% de todos os cancros nas mulheres. Segundo dados da Globocan, em Portugal a incidência padronizada é de 5.2/100.000.
A investigação constante, numa área de intervenção tão importante como o cancro no útero é, inquestionavelmente, necessária de forma a reduzir a sua incidência e quando não é possível, a sua deteção ser precoce.
Não existe atualmente evidência para ser proposto o rastreio do cancro do endométrio na população geral. Este tipo de cancro ocorre maioritariamente em mulheres com idade superior a 50 anos.
Existem tumores do útero menos frequentes como os sarcomas do útero, que se desenvolvem no músculo. Os tumores podem ainda ter origem no colo do útero, designando-se por cancro do colo do útero, abordado noutro capítulo.
O útero
O útero é uma parte do sistema reprodutor da mulher. É um órgão oco, em forma de pêra, onde os bebés crescem. O útero encontra-se na pélvis, entre a bexiga e o reto.
A porção estreita e inferior do útero é o colo ou cérvix. A zona intermédia, mais larga, do útero, é o corpo. O topo, de forma abobadada, é o fundo. As trompas de Falópio estendem-se de cada lado do topo do útero, até aos ovários.
A parede do útero tem duas camadas de tecido: uma camada interna, ou de revestimento, chamada endométrio, e uma camada muscular externa, o miométrio.
Em mulheres em idade fértil, ou seja, que possam engravidar, todos os meses a parede do útero aumenta de volume e torna-se mais espessa, como forma de se preparar para uma possível gravidez. Se a mulher não engravidar, esse espessamento “adicional” e sanguíneo flui, para fora do organismo, através da vagina, processo denominado menstruação ou período menstrual.
Situações benignas
Estados benignos do útero:
Fibromiomas:
tumores benignos comuns, que crescem no músculo do útero. Aparecem, principalmente, em mulheres com idade entre os 35 e os 50 anos. Uma mulher pode ter vários fibromiomas ao mesmo tempo. Os fibromiomas não se desenvolvem para cancro. Quando a mulher atinge a menopausa, é provável que os fibromiomas diminuam de tamanho chegando, por vezes, a desaparecer.
Geralmente, os fibromiomas não provocam sintomas e não necessitam de tratamento. No entanto, dependendo do tamanho e localização, os fibromiomas podem causar perdas de sangue, corrimento vaginal e aumento da frequência em urinar. Se surgirem estes sintomas, deve consultar o médico. Se os fibromiomas provocarem uma grande perda de sangue, ou se estiverem a pressionar algum órgão vizinho e a causar dor, o médico pode sugerir uma cirurgia ou outro tratamento.
Endometriose:
outra condição benigna que afeta o útero. É mais comum nas mulheres com idade entre os 30 e os 50 anos, especialmente se nunca estiveram grávidas. Surge quando o tecido endometrial começa a crescer para fora do útero e para os órgãos vizinhos. Esta situação pode causar períodos menstruais dolorosos, perdas de sangue vaginal anormais e, por vezes, compromete a capacidade de engravidar; no entanto, não provoca cancro. O seu tratamento pode incluir terapêutica hormonal ou cirurgia.
Hiperplasia endometrial:
aumento do número de células e portanto espessamento do revestimento do útero. Embora seja raro, pode estar associado a um aumento do risco de cancro. Alguns sintomas comuns de hiperplasia são períodos menstruais longos, perdas de sangue entre as menstruações e perdas de sangue após a menopausa. É mais comum depois dos 40 anos. Para prevenir que a hiperplasia endometrial evolua para cancro, o médico pode recomendar uma cirurgia para remover o útero (histerectomia) ou o tratamento com hormonas, sendo essencial a vigilância, com exames regulares de acompanhamento.