O cancro da cabeça e pescoço
De que tipo de cancro estamos a falar?
A região da cabeça e pescoço é uma das partes mais complexas do corpo humano. Essa complexidade e diversidade dá origem a um conjunto de processos neoplásicos com diversos comportamentos e resultados.
A grande maioria dos cancros da cabeça e pescoço surge da mucosa do trato aerodigestivo superior, incluindo a cavidade oral (boca), faringe, laringe, cavidade nasal e seios paranasais, todos eles com potencial de metastização para os gânglios linfáticos do pescoço.
Esta área terá foco nestes tipos de cancro, não devendo esquecer, no entanto, que os cancros desta região também podem originar-se nas glândulas salivares, glândula tiroide, glândulas paratiroides, tecidos moles, osso e pele. Os gânglios linfáticos do pescoço também podem ser sede de metastização de um cancro primário oculto.
Epidemiologia
O cancro da cabeça e pescoço constitui o sétimo tipo de cancro mais comum em Portugal e estabelece-se como uma das maiores causas de morte relacionada com o cancro em todo o mundo.
Em Portugal, estima-se que existam cerca de 2500 a 3000 novos casos deste tipo de cancro por ano.
A nível mundial, a incidência global de cancro do lábio, cavidade oral e faringe é de aproximadamente 530 000 casos, o que corresponde a 3,8% de todos os cancros. No entanto, prevê-se que este número aumente cerca de 62%, para 856 000 casos, até 2035.
Este tipo de tumores atinge mais frequentemente o sexo masculino e a incidência é maior a partir da sexta década de vida. No entanto, nos últimos anos, tem-se assistido a uma mudança de paradigma com um aumento da incidência destes cancros em jovens e no sexo feminino, explicada em parte pelos fatores de risco descritos em seguida.