A que sinais devo estar atento
Quais os fatores de risco mais importantes?
A maioria dos cancros resulta de uma interação complexa entre o hospedeiro e os fatores ambientais. Há estudos científicos que demonstraram que a exposição ao tabaco e ao álcool são os principais fatores causadores de cancros da mucosa do trato aerodigestivo superior.
Tabaco
Tipicamente, cerca de 70-80% dos tumores da cabeça e pescoço estão associados ao tabaco e o risco é diretamente atribuível à duração e intensidade do uso do mesmo, podendo ser até 10 vezes superior ao risco das pessoas não fumadoras.
Este risco diminui substancialmente após a cessação tabágica, embora nunca seja alcançado o nível do não-fumador. Nos fumadores passivos ou involuntários há também um aumento de risco, se a exposição for prolongada (principalmente em relação ao cancro da laringe e da faringe).
Álcool
Estima-se que o consumo crónico de álcool aumente o risco de cancro do trato aerodigestivo superior em duas a três vezes, de forma dependente da dose. Para além disso, o seu efeito é sinérgico ao efeito do tabaco, pelo que pessoas que fumam e consomem álcool regularmente têm um aumento no risco de até 10 a 20 vezes relativamente ao risco do não-fumador/não-bebedor.
Má higiene oral
A má higiene oral está também associada ao cancro oral e a mesma pode aumentar o potencial carcinogénico do tabaco e do álcool.
Vírus e doentes imuncomprometidos
Está ainda bem estabelecido que o vírus do papiloma humano (HPV) está associado ao desenvolvimento de cancro da orofaringe. O cancro da cabeça e pescoço associado ao HPV tende ainda a surgir em pessoas mais jovens que normalmente não têm uma significativa história de uso de tabaco ou álcool.
Da mesma forma, pacientes imunocomprometidos com infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (SIDA) e pacientes submetidos a tratamento imunossupressor crónico apresentam risco aumentado de desenvolver cancro da cabeça e pescoço.
Acredita-se ainda que a infecção pelo vírus Epstein-Barr poderá promover o desenvolvimento de cancro nasofaríngeo.
Formas de prevenção?
Os fatores de risco principais do cancro da cabeça e pescoço, tabaco e álcool, são hábitos evitáveis e o seu consumo deve ser abandonado.
Aliar aos hábitos alimentares saudáveis, uma melhoria na higiene oral assim como não descorar as visitas ao dentista poderá diminuir a incidência de cancro oral.
Lesões orais consideradas pré-malignas podem ser detetadas pelo dentista ou estomatologista e mesmo a deteção de lesões orais malignas, ao serem diagnosticadas precocemente, terão seguramente um prognóstico mais favorável.
Dado o crescente aumento da incidência de cancros da cabeça e pescoço relacionados com a infeção pelo HPV, particularmente na orofaringe, deve haver um enfoque na educação sexual e na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. A vacinação contra o HPV, recentemente incluída no Plano Nacional de Vacinação para ambos os sexos, poderá ser eficaz na prevenção do cancro da cabeça e pescoço relacionado com o HPV.