Como temos a certeza se é cancro?

Quando há um sintoma específico, ou o resultado de algum exame de rastreio, que sugere a existência de um tumor, essa informação pode ser assustadora. No entanto, é preciso clarificar que nem sempre isso significa a existência de um cancro.

Exatamente por isso, e principalmente para que se perceba corretamente o que se passa com vista a atuar, é preciso o médico verificar se estamos na presença de um cancro.

Nesse sentido, o médico irá fazer algumas perguntas relacionadas com a história clínica e familiar, bem como fazer um exame físico ao doente. Pode, ainda, pedir análises, raios-x ou outros exames.

Análises Clínicas: um primeiro passo

As análises do sangue, urina e outros fluidos, podem ajudar o médico a fazer o diagnóstico. Cumprem, numa primeira fase, uma função muito específica: permitem demonstrar como é que um órgão como, por exemplo, o rim, está a desempenhar a sua função. Quantidades elevadas de determinadas substâncias detetadas nas análises, podem ser sinal de cancro. Estas substâncias são, muitas vezes, chamadas de marcadores tumorais.

No entanto, resultados laboratoriais anómalos não são um sinal seguro da presença de um tumor. O médico, para estabelecer o diagnóstico de cancro, não pode confiar apenas nos resultados das análises clínicas.

Obtenção de imagens

Assim, há hoje em dia um conjunto de técnicas que permitem ao médico “ver” o tumor e perceber com certeza a sua localização, tamanho e outras características essenciais para decidir 1) qual a sua causa, se estamos na presença de um cancro ou não; 2) acerca do melhor tratamento a adotar.

Estes procedimentos permitem criar imagens de determinadas áreas do corpo que podem ser obtidas de diversas maneiras:

Radiografia (raios-x):

correspondem ao modo mais comum de ver órgãos e ossos, dentro do corpo.

TC (tomografia computorizada):

é um método de diagnóstico de imagem que utiliza radiação. Através do computador, permite uma visualização mais detalhada dos órgãos internos do nosso corpo. Pode, adicionalmente, ser-lhe administrado um contraste (como um corante), para tornar estas imagens mais fáceis de ler.

Estudo com radioisótopos (cintigrafia):

é injetada uma pequena quantidade de substância radioativa, perfeitamente segura. Esta, entra na corrente sanguínea e deposita-se em determinados ossos ou órgãos. Através de um aparelho chamado scanner, a radioatividade é detetada e medida. O scanner cria a partir daí uma imagem desses ossos e órgãos num ecrã de computador ou num filme. Depois, o organismo elimina rapidamente a substância radioativa.

Ultra-sons (ecografia):

é um meio de diagnóstico que utiliza ondas sonoras de alta frequência (ultra-sons) para produzir imagens dos órgãos existentes no interior do corpo.

RM (ressonância magnética):

através de um grande íman, ligado a um computador, são criadas imagens detalhadas de determinadas zonas do corpo. O médico pode, depois, ver essas imagens num monitor e imprimi-las em filme.

Estudo por PET (tomografia por emissão de positrões):

é injetada uma pequena quantidade de material radioativo. Uma máquina cria imagens, que mostram a atividade química no organismo. As células cancerígenas aparecem, regra geral, como zonas de elevada atividade química, sendo assim possível detetá-las.

Biópsias

Na maioria dos casos, ainda assim, os médicos precisam de fazer uma biópsia para diagnosticar um cancro. Para fazer uma biópsia, o médico remove uma amostra de tecido e envia-a para um laboratório. Um patologista examina, então, o tecido ao microscópio.

A amostra pode ser colhida de várias maneiras:

  • Com agulha: o médico usa uma agulha, para retirar tecido ou líquido.
  • Com endoscópio: o médico usa um tubo fino e iluminado (endoscópio) para ver zonas dentro do organismo; através deste tubo, o médico pode remover tecido ou células.
  • Com cirurgia:
    • Numa biópsia excisional, o cirurgião remove todo o tumor; por vezes, também é removido algum tecido normal que rodeia o tumor (“margens”).
    • Numa biópsia incisional, o cirurgião remove apenas parte do tumor.

Há ainda um outro método, usado para já apenas num determinado tipo de cancros, muito menos invasivo e que envolve a recolha de uma amostra de sangue de onde se vai depois extrair o possível ADN do tumor que possa estar em circulação (ctADN). Este método dá pelo nome de biópsia líquida. Aqui, o que acontece é que:

Quando as células tumorais morrem, libertam fragmentos do seu ADN (ctADN) na corrente sanguínea.

As biopsias líquidas, além de menos invasivas, podem ser utilizadas já durante o tratamento e em doentes em que as biopsias tradicionais não podem, por qualquer motivo, ser feitas.

Os dados obtidos permitem retirar conclusões sobre o tumor como um todo, e não apenas sobre a região de tecido recolhida nas biopsias geralmente utilizadas.

Este ADN é analisado através de diferentes técnicas para obter pistas sobre o funcionamento da célula tumoral.

Quando as células tumorais morrem, libertam fragmentos do seu ADN (ctADN) na corrente sanguínea.

As biopsias líquidas, além de menos invasivas, podem ser utilizadas já durante o tratamento e em doentes em que as biopsias tradicionais não podem, por qualquer motivo, ser feitas.

Os dados obtidos permitem retirar conclusões sobre o tumor como um todo, e não apenas sobre a região de tecido recolhida nas biopsias geralmente utilizadas.

Este ADN é analisado através de diferentes técnicas para obter pistas sobre o funcionamento da célula tumoral.

Os testes de biópsia líquida são um método cada vez mais usado para caracterizar molecularmente os tumores, existindo vários motivos pelos quais uma biópsia líquida pode ser escolhida.

Alguns testes de biópsia líquida já apresentam elevada precisão e reprodutibilidade para detecção dos principais tipos de alterações genómicas, em vários tipos de cancro.

  

Preocupações naturais antes de uma biópsia

Antes da biópsia, é normal que sinta várias preocupações e que tenha outras tantas dúvidas. Pode e deve colocá-las ao seu médico. Por exemplo:

  • Onde irei fazer a biópsia?
  • Quanto tempo demorará? Estarei acordado? Vai doer?
  • Existem riscos? Quais são as probabilidades de haver infeção ou perda de sangue, após o procedimento?
  • Quando saberei os resultados?
    Se eu tiver cancro, quem falará comigo acerca dos passos seguintes? Quando?
  

Informações além do diagnóstico

Além de perceber se é o cancro que está na origem daquele tumor, o médico vai utilizar várias destas técnicas para poder planear melhor o tratamento, conseguindo assim saber a extensão (estádio) da doença.

Na maioria dos cancros, como o cancro da mama, pulmão, próstata ou cancro do cólon, o estádio baseia-se no tamanho do tumor e na sua disseminação (metastização). O médico pode pedir radiografias ou outros exames de imagens complementares, para obter essas informações e, claro, perceber melhor a extensão da doença.

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