Traqueotomia

A traqueotomia é uma abertura na região inferior do centro do pescoço, desde a pele até à traqueia. Cirurgicamente, é criado um trajeto através do qual o ar é diretamente enviado para a traqueia, ultrapassando e não percorrendo, desse modo, todas as estruturas da via aérea superior (cavidade nasal, boca e garganta). O orifício na pele, em conjunto com o trajeto criado, chama-se traqueostoma (Figura 1), onde se coloca uma cânula (tubo) de traqueotomia.

Os doentes oncológicos de cabeça e pescoço podem necessitar deste tipo de intervenção, seja porque o próprio cancro impossibilite a passagem do ar, seja no contexto de tratamentos oncológicos, nomeadamente radioterapia e/ou cirurgia.

Dependendo do caso, esta pode ser temporária ou permanente.

A cânula de traqueotomia é composta por um tubo externo e um interno, criado para facilitar a mudança e limpeza. Em alguns casos, estas cânulas podem ser fenestradas, isto é, com orifícios (buracos) na sua parte superior. Deste modo, quando o doente faz a oclusão da cânula (tapando o buraco), impede o fluxo do ar para o exterior, forçando-o a passar nas fenestras (orifícios) e, em seguida, pelas cordas vocais, permitindo que o doente fale. O doente traqueotomizado poderá também alimentar-se sem dificuldade, se não tiver problemas prévios na deglutição.

Como rotinas habituais de um doente traqueotomizado, devem fazer parte a higienização e mudança diária da cânula interna e a mudança da cânula externa a cada 2/3 dias. É importante o acompanhamento em consulta especializada de Enfermagem / Estomaterapia.

Figura 1.

Prótese fonatória

A laringe é o órgão responsável pela respiração e fala. Nos doentes com cancro da laringe, poderá ser necessária a remoção completa do órgão (laringectomia total), ficando a comunicação verbal impossibilitada.

Uma das possibilidades de reabilitação vocal disponíveis é a prótese fonatória (Figura 2). Trata-se de um dispositivo colocado num trajeto criado cirurgicamente entre a traqueia e o esófago, no momento da laringectomia ou mais tarde. Desta forma, o ar que sai da traqueia durante a expiração passa diretamente para o esófago, onde vai vibrar e criar som, e posteriormente pela boca, onde é possível a articulação das palavras. Desta forma, os doentes laringectomizados podem novamente voltar a falar, com a ajuda de Terapeutas da Fala. O Kit de mãos livres possibilita que o doente possa falar sem ter que tapar ou fechar o estoma (Figura 3). Assim o doente fica com as mãos livres para poder gesticular, auxiliando na comunicação, e para fazer outras tarefas em simultâneo.

Figura 2.

Figura 3.

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