Acompanhamento
Os cuidados de suporte fazem parte integrante do tratamento e seguimento em Oncologia. Destinam-se a prevenir e tratar as queixas relacionadas com o cancro e, também, os efeitos adversos dos vários tratamentos antineoplásicos, como a cirurgia, quimioterapia, radioterapia, hormonoterapia, anticorpos monoclonais e terapêuticas-alvo orais. O seu objetivo é a otimização da qualidade de vida ao longo de toda a jornada do doente oncológico, desde o diagnóstico até à fase da longa sobrevivência e/ou de cuidados paliativos e fim de vida.
SOBREVIVÊNCIA
Um sobrevivente de cancro é o indivíduo diagnosticado com cancro, desde o momento do diagnóstico, durante, imediatamente após o tratamento e ao longo da vida. Neste conceito, integram-se também os membros da família, amigos e cuidadores que são, também, afetados pelo cancro.
Pode dividir-se a jornada do doente com cancro, tratado com intuito curativo, em três fases:
- Fase aguda: fase do diagnóstico, estadiamento, decisão terapêutica e dos vários tratamentos (como a cirurgia, radioterapia e quimioterapia);
- Fase intermédia: após completar os tratamentos, é uma fase de vigilância mais ou menos apertada e, nalgumas doenças, de tratamento hormonal (como no cancro da mama ou da próstata). Neste período, existe risco de recidiva, o qual vai diminuindo ao longo do tempo. Dura, geralmente, vários anos;
- Fase permanente: é a fase seguinte, em que o doente, muitas vezes, deixa de ser seguido no hospital e no decorrer da qual a sociedade espera que o indivíduo regresse à sua vida habitual.
Para além do doente tratado com intuito curativo, existem ainda as situações de doença recidivada e/ou metastizada, cujo tratamento tem objetivo paliativo, e ao longo das quais os cuidados de suporte e de reabilitação têm um papel fundamental e diferenciador. Na fase aguda, antes dos tratamentos, os cuidados de suporte destinam-se a otimizar o estado de saúde e funcional dos doentes de forma a tolerarem melhor os tratamentos que se avizinham. Durante os tratamentos, os cuidados de suporte destinam-se, essencialmente, a minimizar os efeitos dos mesmos – a título de exemplo, as náuseas e vómitos, a mucosite, o inchaço pós cirurgia e/ou radioterapia, etc. Também a Nutrição, a Psicologia, a Reabilitação e o Exercício Físico poderão ter um papel na melhoria da tolerância aos tratamentos. Para uma informação mais completa sobre os cuidados de suporte nesta fase, poderá consultar o “Guia de Apoio à Doente com Cancro da Mama em Quimioterapia Em tempos de pandemia COVID-19” elaborado pelo ONCOMOVE® e disponível em:
https://oncomove.pt/guia_de_apoio_cancro_da_mama_oncomove.pdf
Nas fases intermédia e permanente, felizmente são muitos os sobreviventes que têm consequências mínimas do cancro e dos tratamentos. No entanto, em mais de 50% ocorrem sequelas importantes que podem aparecer durante os tratamentos e manter-se ou, noutros casos, surgem meses ou anos após o tratamento ativo. Alguns destes problemas são temporários e melhoram com o tempo, outros são progressivos ou permanentes. A REABILITAÇÃO inclui estratégias de tratamento de algumas sequelas e de educação para aprender a viver com outras. Um exemplo importante é o stress pós-traumático, que ocorre em quase 20% dos sobreviventes de cancro. Após a conclusão dos tratamentos, quando os doentes e seus familiares consideram que devem celebrar, muitas vezes surgem sintomas depressivos que se enquadram no stress pós-traumático. É importante que os doentes oncológicos se lembrem que “as depressões não surgem na fase de luta, surgem no pós-guerra” para conseguir lidar com esta situação.
HÁBITOS E ESTILOS DE VIDA SAUDÁVEIS
Os hábitos e estilos de vida saudáveis, como atividade e exercício físico, dieta e peso saudáveis e evicção do tabaco e álcool, estão associados a uma vida mais saudável e com melhor qualidade de vida. Nalguns cancros, estão inclusive associados a redução do risco de recorrência e morte. Os hábitos saudáveis incluem exposição solar segura, horas adequadas de sono reparador, adesão aos rastreios indicados, vacinação e consultas regulares nos Cuidados de Saúde Primários. Torna-se essencial que os sobreviventes de cancro possam ser educados e aconselhados por profissionais qualificados de Nutrição, Reabilitação e Psicologia.